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Liga dos Campeões: Real Madrid x Atlético, quase um Davi x Golias na final em Milão

O Real é o maior campeão do torneio e símbolo máximo de poder no futebol. O Atlético só pensa em superar seu maior rival e levantar sua primeira taça

Por Campelo Sousa

28/05/2016 às 13h03 • atualizado em 28/05/2016 às 13h24

O troféu da Liga dos Campeões da Europa, exposto na Praça Duomo, em Milão, na Itália(Luca Bruno/AP)

O gol do zagueiro Sérgio Ramos, aos 48 do segundo tempo, que tirou do Atlético de Madri seu primeiro título da Liga dos Campeões, em Lisboa, ainda dói no coração do torcedor atleticano. Aquela cabeçada abriu o caminho para La Décima, a 10ª taça do Real Madrid, e ajudou a reforçar a impressão de quemadridistas nasceram para vencer e atleticanos para sofrer. Dois anos depois, uma nova oportunidade para o Atlético reescrever sua história ou para o Real se consolidar como o rei do continente. Neste sábado, os rivais espanhóis se enfrentarão novamente na final, desta vez no estádio San Siro, em Milão, a partir das 15h45 (horário de Brasília).

Pelas ruas de Milão, os empolgados torcedores do Atlético mostram sede de vingança. “Temos de ganhar sim ou sim”, é a frase mais ouvida. Antes de 2014, o time vermelho e azul já havia chegado perto: em 1974, foi goleado pelo Bayern de Munique por 4 a 0 na decisão. Longos períodos sem títulos da liga espanhola (de 1977 a 1996 e de 1996 a 2014) e uma amarga crise financeira que levou o clube ao rebaixamento em 2000 também fizeram com que torcedores do Atlético, sobretudo os mais jovens, encarnassem o espírito de equipe sofredora. “Eu me encanto em ter o peso de 113 anos de história nas costas, adoro”, afirmou o técnico Diego Simeone, ídolo do clube também como jogador. No cargo desde 2011, o argentino conseguiu implantar suas ideias: basta de ser vítima, o Atlético pode vencer qualquer equipe. Sempre com uma marcação agressiva e muita disposição.

 

Ao lado de Simeone, outro grande personagem da final, o experiente Fernando Torres, considera a partida até mais importante que a final de Copa do Mundo que jogou, e venceu, em 2010. “É sem dúvida o jogo mais importante e bonito de toda a minha vida. Sou torcedor do time desde os cinco anos. Tive a chance de ganhar a Liga dos Campeões com o Chelsea, mas agora é diferente, é especial. Não há um único caminho além de vencer. Temos nossas armas, nossos valores.”

Além do atacante de 32 anos, estarão em campo outros três canteranos (como são chamados os que vêm da categoria de base): o capitão Gabi e os meias Saul e Koke. No Real Madrid, o time que mais faz compras no mundo, há apenas um atleta da base na equipe titular, o lateral Daniel Carvajal.

Até mesmo a trajetória das equipes nesta edição mostra que para o Atlético tudo é mais difícil: nas fases finais, a equipe eliminou PSV e os dois maiores favoritos ao título, Barcelona e Bayern de Munique. O Real teve caminho mais tranquilo, e mesmo assim teve dificuldades, contra Roma, Wolfsburg e Manchester City. O desempenho das equipes poderia apontar o Atlético como favorito, mas é um clássico e a camisa branca do Real tem peso.

Supremacia – Se o Atlético chega tenso, o Real parece bastante relaxado para a decisão. O recém-iniciado na profissão Zinedine Zidane pode conquistar seu primeiro título como treinador em apenas cinco meses no cargo. O ex-craque francês, campeão como atleta em 2002, estava bem-humorado e disse não acreditar em uma partida violenta. “Não será um jogo duro, será um jogo difícil. Quando falamos ‘duro’, parece ser algo feio. Vai ser um jogo dificílimo, com certeza. Estamos preparados. Também sabemos sofrer.”

O capitão Sérgio Ramos recordou o gol de dois anos atrás, mas quer mais. ‘Se pudesse refazer o roteiro do filme, não mudaria nada. Mas temos de encarar a final como se não tivéssemos vencido nenhuma vez. A mesma fome, o mesmo desejo.” A maior preocupação do time é a condição física de seu principal jogador. Cristiano Ronaldo tem sentindo dores musculares e foi poupado de alguns treinos e partidas. O português é o maior artilheiro da história do torneio (93 gols) e busca sua terceira taça. Segundo Zidane, Cristiano estará 100% para a decisão. O brasileiro Casemiro também ganhou destaque: na sexta, Simeone disse que Casemiro é o jogador mais importante do Real na “organização”. No Atlético, a estrela é o artilheiro francês Antoine Griezmann.

O palco para o espetáculo é espetacular: o estádio Giuseppe Meazza, mais conhecido como San Siro, com capacidade para pouco mais de 80.000 pessoas, receberá sua quarta final de Liga dos Campeões – levantaram a taça no estádio de arquitetura futurista a Inter de Milão (1965), o Feyenoord (1970) e o Bayern de Munique (2001). Semanas antes da partida, a Uefa havia demonstrado preocupação com a qualidade do gramado, mas, após trabalhos intensivos nos últimos dias, o piso parece perfeito para receber os craques. Segundo Simeone, que atuou dois anos pela Inter de Milão na década de 90, San Siro é “o estádio mais lindo do mundo.”

Revista Veja

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