Após fratura grave, brasileiro lutador de MMA fica com dívida de US$ 60 mil e cobra Titan FC
Deivison Dragon teve lesão em luta pelo título dos leves em junho e diz que vai entrar com processo na próxima semana. Dirigente afirma que plano era ajudar o lutador
A vida do lutador de MMA, de modo geral, não é fácil. O caminho é longo para chegar no patamar das grandes estrelas da modalidade. Sem salário fixo, os atletas dependem das bolsas recebidas em cada luta. Obviamente, nos eventos menores o valor não é muito alto. Agora imagine receber US$ 1250 (cerca de R$ 4200) para atuar e terminar com uma dívida de US$ 60 mil (cerca de R$ 204 mil). Pois foi o que aconteceu com Deivison “Dragon” Ribeiro, de 27 anos, quando disputou o cinturão do peso-leve (até 70kg) do Titan FC, em junho deste ano.
Na ocasião, o brasileiro enfrentou Andre Harrison e, no terceiro assalto, sofreu uma fratura na perna direita semelhante a que Anderson Silva teve no segundo duelo contra Chris Weidman. O sofrimento pela contusão já era grande, mas o lutador, que ainda se recupera, agora se preocupa com os custos da cirurgia, já que o seguro oferecido pelo Titan não cobria todos os gastos.
– No terceiro round aconteceu a fatalidade de chutar e quebrar minha perna. A Comissão Atlética (da Flórida) me deu o papel do seguro, fui para o hospital e fui bem atendido. Me recuperei no Brasil porque não tinha condição de me manter aqui. Quando voltei do Brasil, o hospital começou a me cobrar a conta, uma conta enorme, quase US$ 100 mil. Foi a hora que comecei a me desesperar, liguei para o meu empresário para falar com o evento, mas o evento estava sempre enrolando, empurrando com a barriga. Através dos meus amigos, conseguimos diminuir a conta em 35%, que eu que pagaria, não o seguro. O limite do seguro só cobria até US$ 20 mil. Qualquer atleta que se machucasse, só cobriria até US$ 20 mil. Se passar, ele se vira – revelou, em entrevista para o Combate.com.
Atleta da American Top Team, Deivison está morando na casa de amigos nos Estados Unidos e recebendo patrocínio de alimentação de um restaurante, já que está sem condições financeiras de se sustentar e impossibilitado de trabalhar. Ele e seu empresário, Alex Davis, conversaram com dirigentes do Titan, que fizeram a proposta de tentar arrecadar o valor em campanha de doação, algo que desagradou o brasileiro.
– Falei que não posso ficar com essa conta, está tudo no meu nome, meu nome está sujo por uma coisa que eu estava trabalhando. Me pagaram uma bolsa ridícula de US$ 1250, passei quatro meses de junho para cá tentando conversar numa boa, dizendo que não quero ganhar dinheiro deles, dar de esperto, só não quero pagar conta. O mais prejudicado nessa história sou eu. Resumindo: depois de quatro meses tentando conversar com eles, encontrei o presidente do evento (Jeff Aronson). Ele falou que não tinha condições de pagar, não tinha dinheiro, mas que, para tentar me ajudar, iam fazer uma arrecadação com os fãs. Falei que isso não existe, ninguém ia pagar conta de hospital. Queriam usar minha imagem para pagar uma conta que é deles. Só não quero pagar a conta. É o justo, estava trabalhando para eles. Quem tem evento tem que ter noção que isso pode acontecer. Se você não pode arcar, não faz mais o evento. Fui o primeiro, não quer dizer que eu seja o último a se machucar desse jeito – disparou, acrescentando que entrará com um processo contra o Titan FC na próxima semana.
– Eles não me respondem mais, dão de “João sem braço” e estou entrando com um processo contra eles na próxima semana. Tentei fazer do jeito amigável, mas cheguei à conclusão que estão me tirando para palhaço e sou atleta. Fui segunda-feira no médico, só posso treinar 100% daqui a três meses e lutar daqui a seis, oito meses. Um ano sem lutar e com uma conta monstruosa para pagar.
Já andando, mas apenas fazendo treinos leves de jiu-jítsu (“com faixas-brancas, para suar um pouco, mas não dá para pensar em ganhar dinheiro ainda”), Deivison Dragon não quer ter sua imagem usada para campanha de arrecadação e declarou que não tinha a intenção de ganhar dinheiro do evento com isso. Apenas não queria arcar com os valores do tratamento.
– Se quiserem só pagar a conta, ok. Eu não queria ganhar 1 centavo. Mas como tem advogado no meio, eles não trabalham de graça e eu não tenho dinheiro para pagar, é caríssimo. Ele vai cobrar o valor que vai botar lá (no processo), vai ganhar a porcentagem dele e já mudou o processo. Não vão pagar só a conta. Vão pagar os danos de eu ficar sem lutar, de quererem usar minha imagem para sentirem pena de mim. Eles querem começar a fazer isso no próximo evento, 3 de dezembro. Querem usar a TV, tudo, mas tenho certeza que não vão usar o nome deles nessa vaquinha. Não querem assumir a culpa, não são idiotas. Vão usar imagens minhas como se fosse eu pedindo dinheiro para pagar a conta do hospital. Mas é sem noção, não existe. Um evento deste porte, com luta de nível internacional, título mundial, e os caras não querem pagar a conta – desabafou.
TITAN FC DIZ QUE TENTOU AJUDAR DEIVISON
O Combate.com entrou em contato com o chefe de operações do Titan FC, Lex McMahon, para saber a posição do evento com relação às reclamações de Deivison. Em nota oficial enviada pelo dirigente, a organização afirma que tentou ajudar o brasileiro e admitiu que tentaria “arrecadar fundos adicionais para ajudar Deivison a compensar seus custos médicos substanciais”.
Confira a nota na íntegra:
“Titan FC está ciente das preocupações do Deivison Ribeiro pela infeliz lesão que sofreu durante a competição e os gastos médicos relacionados.
Titan FC seguiu e estava em total concordância com os regulamentos da Comissão de Boxe do Estado da Flórida tanto em questão de responsabilidade quanto de seguro médico.
O seguro do Titan FC pagou o valor total de sua apólice sobre os custos médicos do Sr. Ribeiro. Infelizmente, os custos médicos do Sr. Ribeiro são significantes e excederam a quantia legalmente requerida pela cobertura segurada.
Titan FC valoriza seus atletas e portanto tem sido proativo em se comunicar com Deivison e seu empresário, Alex Davis. Nós nos reunimos diversas vezes e rascunhamos um plano no qual o Titan contribuiria com fundos, ajudaria a aumentar o conhecimento e a arrecadar fundos adicionais para ajudar Deivison a compensar seus custos médicos substanciais. Titan FC planejava desempenhar uma função positiva e proativa em colaboração com Deivison para resolver esta questão.
Lex McMahon,
COO Titan FC”
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