Profissão de risco: 112 técnicos deixam seus cargos no Brasil e NE lidera a lista
Levantamento mostra grau de instabilidade que os técnicos de futebol sofrem no país; 58,92% das mudanças são de clubes nordestinos e a Paraíba está no topo do ranking.
Vida de técnico de futebol não é nada fácil. Isto nem é mais novidade. Mas, ao que parece, a situação destes profissionais no Nordeste é ainda mais complicada. Levantamento do GloboEsporte.com mostra que nada menos do que 112 treinadores já deixaram seus cargos entre a pré-temporada e estes primeiros meses de temporada de 2017. A maioria foi por demissão mesmo, ainda que haja casos de acordos entre as partes e pedidos de demissão. O número que realmente chama a atenção, no entanto, é que de todos estes, nada menos do que 66 foram demitidos de clubes nordestinos.
O índice é alto. Extremamente alto, na verdade. Nada menos do que 58,92% dos técnicos que perderam seus empregos comandavam clubes da Região Nordeste. E, no topo do ranking dos estados onde a profissão de técnico sofre com maior instabilidade, está a Paraíba, onde 12 profissionais já foram substituídos (numa média de um técnico substituído a cada rodada do Campeonato Paraibano de 2017).
Em nenhum outro lugar do país tantos foram demitidos em tão pouco tempo. No estado, apenas o líder Botafogo-PB mantém desde o início da pré-temporada o seu técnico Itamar Schülle (que, inclusive, é um dos raros treinadores de clube do país que permanece no cargo desde o início do ano passado).
Na verdade, o lanterna do Paraibano, o CSP, também está sendo comandado desde o início da temporada por um mesmo nome, mas o caso do Tigre é atípico porque o técnico é também o presidente do Conselho Deliberativo, Josivaldo Alves, que a rigor é quem manda na agremiação. Neste caso, portanto, o empregador e o empregado são a mesma pessoa. E acaba que “não pode” ser demitido. Os outros oito clubes da primeira divisão paraibana já mudou de técnico ao menos uma vez, incluindo nesta lista o atual bicampeão paraibano, o Campinense.
No lado oposto, o Paraíba de Cajazeiras já acumula três mudanças. Começou a temporada sendo treinado por Jorge Luís, colocou no seu lugar Paulo Sales, depois mudou para Alexandre Duarte e por fim chegou a Neto Maradona. Este último, inclusive, é talvez o melhor exemplo para debater a instabilidade dos técnicos de futebol em seus clubes.
– Não mudei de profissão. Continuo sendo técnico. O táxi é apenas uma alternativa, uma opção que a gente precisa ter. Porque na nossa região, o campeonato é curto e as vezes você inicia um estadual, mas não termina. Aqui não tem como eu cair, aqui vou ser permanentemente o treinador da viatura – explicou o técnico/taxista logo quando começou na nova profissão, já preocupado com a “dança das cadeiras” da vida de treinador.
A propósito, um dado curioso: as sete primeiras colocações do ranking de demitidos dos estados são compostos por unidades federativas nordestinas. Além da liderança paraibana, Sergipe e Bahia dividem a segunda colocação (10 mudanças de técnicos cada), Ceará aparece na quarta colocação (com nove mudanças), Rio Grande do Norte em quinto (sete mudanças) e Alagoas e Pernambuco dividem a sexta colocação (seis mudanças).
Dos nordestinos, aliás, apenas o Piauí (com quatro) e o Maranhão (com dois) não estão no topo da tabela entre os piores destinos para treinadores irem trabalhar.
Com relação aos clubes individualmente, dois chamam a atenção. Apenas o sergipano Amadense modificou quatro vezes os seus técnicos. Logo depois aparece o tal Paraíba, com três. São os dois únicos clubes do Brasil que realizaram mais do que duas mudanças ao longo do ano. No Amadense, inclusive, duas das mudanças aconteceram ainda na pré-temporada, antes mesmo da bola rolar.
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