Gabriel Jesus quebra jejum de gols em ano difícil e volta a sorrir nos braços da família em Manchester
Atacante está com a casa cheia para o Natal e conta com ajuda "pé quente" do sobrinho Miguel
Da cozinha vem o cheirinho do feijão e o som da televisão ligada em um canal brasileiro. Dos quartos, no segundo andar, música alta e muitas vozes. Na gelada Manchester, a casa cheia às vésperas do Natal é inspiração para Gabriel Jesus. O carinho da família foi fundamental para que o atacante reencontrasse a alegria no futebol e, na semana passada, quebrasse um jejum de quatro meses no Manchester City.
Gabriel tinha marcado apenas um gol no Campeonato Inglês até então, em agosto, na goleada sobre o Huddersfield. Passou boa parte da temporada na reserva de Aguero e desencantou justo no jogo contra o Everton de Richarlison – brasileiro que mais marcou nesta edição da Premier League. Fez logo dois e comemorou com o tradicional “Alô, mãe!”.
Dona Vera se divide entre São Paulo e Manchester e foi a primeira a chegar à casa de Gabriel, em outubro. E no dia 12 de dezembro, irmãos, cunhados e sobrinhos desembarcaram na Inglaterra. Com todos ao redor, o atacante foi contagiado.
– Sempre fui de dar risada à toa, feliz com pouca coisa. Acabei perdendo isso um pouco esse ano. (Ter a família por perto) Me fez bem sim, não só em questão de marcar gols… Todo mundo precisa da sua família para tudo, para estar feliz. Você feliz leva coisas boas pro seu trabalho, e quando minha família chegou mudou o clima total. Minha auto-estima voltou.
Talvez o principal responsável pelo sorriso largo de Gabriel seja o sobrinho Miguel, de dois anos. Mimi, como é chamado pela família, brinca com o tio famoso sempre que ele está em casa. E, na partida contra o Everton, teve também um papel importante: entrou com o time do City, no colo, como mascote.
– Mimi é muito pé quente. No primeiro (jogo) que entrei com ele pela Seleção na Arena Palmeiras fiz dois gols, e agora entrei com ele de novo e fiz dois gols falei pro meu irmão: “Vai embora e pode deixar ele aqui comigo”.
Volta por cima depois da Copa em branco
A confiança de Gabriel estava abalada pelo desempenho na Copa da Rússia. Depois de ser o artilheiro do Brasil nas eliminatórias, com sete gols, o atacante passou o Mundial em branco. Sofreu duras críticas da torcida, ouviu os pedidos por Roberto Firmino e viu o sonho ser manchado pela frustração.
– Eu fui pra Copa com a 9 sendo o centroavante, e acabar não marcando, isso pesa. Eu sempre vou ser lembrado por isso, não adianta o que eu faça. Mesmo se eu for pra outra Copa e for artilheiro, campeão, mas as pessoas sempre vão lembrar do Gabriel que não fez o gol na Copa.
– Aquela eliminação nossa foi muito dolorosa pra todos, não só para os jogadores, para todos os brasileiros. Se criou uma expectativa enorme em cima da gente, do Brasil… Foi um baque muito grande. Eu sinto até agora. Mas o bom é que a vida não te dá muito tempo pra ficar muito feliz e nem muito triste. Passou, valeu a experiência. Peguei o melhor para trabalhar mais e buscar outras oportunidades.
E as chances vieram. Fora da primeira convocação de Tite no pós-Copa, Gabriel voltou a ser chamado em setembro para os amistosos contra Argentina e Arábia Saudita. Foi titular nas duas partidas e marcou um dos gols da vitória sobre os sauditas.
Em novembro, em dois amistosos na Inglaterra, o atacante foi mais uma vez lembrado pelo técnico. Ficou no banco contra o Uruguai e entrou no lugar de Firmino contra Camarões. Não marcou, mas soube que estava de novo no páreo.
– Não vou negar que fiquei chateado por não ir (primeira convocação), mas respeito sempre. Sempre vou respeitar a opinião dos treinadores, tanto o Pep quanto o Tite quando não me convocar, e também vou respeitar quem ele está convocando porque merece. Claro que fiquei chateado de não ir… Mas continuei trabalhando duro pra ter outra oportunidade que foi o que aconteceu.
Muito simples e direto ao falar, Gabriel mostra humildade também para reconhecer os méritos dos principais concorrentes. Em vez de usar as atuações de Firmino e Richarlison para motivar-se e correr atrás, o atacante prefere parabenizar os colegas e pensar sempre nas próprias origens.
– Acho que ninguém tem que usar o sucesso do outro para se motivar. Acho que o que te motiva é o que vem dentro de você, o que você almeja, o que você quer realmente. Tenho que me motivar quando eu olho para minha mãe, que sempre batalhou por mim e pelos meus irmãos. Isso é a motivação certa. Torço muito pelo Firmino e pelo Richarlison, gosto muito deles e do futebol deles. E espero que eles consigam conquistar tudo o que querem e sonham. Vou torcer sempre, mesmo eles indo para a Seleção e eu não. Sou um cara que torce bastante pelos outros e que sempre vai querer o bem de todo mundo.
Fonte: GE - https://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/gabriel-jesus-quebra-jejum-de-gols-em-ano-dificil-e-volta-a-sorrir-nos-bracos-da-familia-em-manchester.ghtml
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