Tite se emociona e admite: Não trabalhei em meu estado normal
A quatro jogos de terminar sua passagem pelo Corinthians, técnico é ovacionado em empate com o Vasco e fica sensibilizado com manifestações
Quando Tite desceu do ônibus do Corinthians para comandar o time na partida deste domingo contra o Vasco, no Pacaembu, 35ª rodada do Brasileirão, um torcedor já lhe esperava na entrada dos vestiários com a faixa: “Obrigado, Tite. Volta logo”. O recado solitário logo ganharia companhia das mensagens outros torcedores, antes mesmo do jogo, e de quase 20 mil vozes quando o técnico subiu ao gramado para sua penúltima partida no estádio pelo Timão – e a primeira depois do anúncio de sua saída, na sexta-feira.
Ao entrar no vestiário, mais emoção. Ele contou que teve de se segurar para não chorar diante dos jogadores no momento da oração. Com a bola rolando, passou boa parte do jogo lutando contra as lágrimas. Na entrada no gramado, chegou a morder o lábio para segurar o choro.
– Quando o Paulo André chamou o time para oração, tentei ficar alijado para ter a maior concentração possível. Eu não estava em meu estado normal, não trabalhei em meu estado normal. Sou um ser humano. Isso mexe – destacou Tite.
O primeiro a recebê-lo nesta tarde especial também foi o único a lhe dar boas vindas no aeroporto, no já distante outubro de 2010, quando Tite chegou do Oriente Médio para tentar ajudar o time a conquistar o título brasileiro daquele ano. Clayton Assad, conhecido como Jamanta, deu um longo abraço no técnico. Recebeu de volta um muito obrigado.
– Eu estava na chegada dele em 2010, fui o único que o recebeu. Falei para ele “Seja bem vindo, futuro campeão”. Mal sabia que ele seria campeão de tudo. Falei hoje que sou só mais um corintiano, ele falou que sou um cara especial na vida dele. É um reconhecimento que me deixa muito feliz e emocionado – afirmou Clayton.
A preleção foi a de um jogo normal, sem nenhum componente especial. Só que este Corinthians x Vasco não era normal. Não para a torcida, que acompanha, impotente, um casamento de três anos se desfazendo a cada jogo que passa. A faixa “Parabéns Tite”, sobreposta à tradicional “Time do povo”, no tobogã do Pacaembu, foi a primeira vista pelo técnico.
A caminhada firme até o banco de reservas foi acompanhada por acenos a todos os lados das arquibancadas, recheadas de faixas, recados e um grito:
– Olê, olê, olê, olê, Tite, Tite.
Quase que ao mesmo tempo, protestos contra Emerson Sheik e Romarinho, dois dos eleitos culpados pela má fase do time. Tite, ao contrário, parece ter créditos eternos.
– Quero dizer obrigado aos torcedores e aos atletas, mas nada terminou ainda. Vocês ficam perguntando de um negócio que não terminou? – brincou o técnico, já no banco de reservas.
Um abraço em Adilson Batista, atual técnico do Vasco e seu antecessor no Timão, foi o ato final das homenagens iniciais. Nos 90 minutos de partida, Tite foi o de sempre: mãos sobre o teto do banco de reservas quando o time mantinha a posse de bola, mãos nervosas e gestos bruscos quando os cariocas ameaçavam um ataque. Em campo, o Corinthians não correspondia às expectativas.
Na segunda etapa, Tite chamou Rodriguinho e Danilo, conversou com os dois ao pé do ouvido, como sempre faz. Tentou empurrar o time à frente, sempre com o apoio das arquibancadas. O 0 a 0, tão comum na fase final da era Tite, não ficou à altura de uma despedida. Contra o Internacional, dia 1º de dezembro, o comandante terá uma última chance de deixar o Pacaembu com uma vitória. Uma última impressão positiva após passagem tão vitoriosa pelo Corinthians.
GE
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