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Sócio da CBF é suspeito de manipular sede da Copa do Mundo

Empresa ligada a Teixeira estaria envolvida na compra de votos para eleição da Fifa e escolha do Catar

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18/08/2013 às 09h35

O primeiro contrato assinado pela ISE com a CBF é datado de 2006. Em 2011, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ampliaria o contrato até 2022. O cartola nunca escondeu que votou pelo Catar para sediar a Copa de 2022.

Um dos contratos obtidos pelo Estado com exclusividade sobre as relações comerciais dos amistosos do Brasil revela que a pessoa que assinava em nome da ISE era Moheydin Kamel. Seu endereço: uma simples caixa postal em George Town, no paraíso fiscal das ilhas Cayman.

Mas Mohyedin Kamel não seria apenas o gerente da ISE, e sim um dos cabeças de um império no Oriente Médio. Desde 2010, ele teria ocupado a posição de vice-CEO da Dallah Albaraka, empresa fundada em Riad por Sheikh Saleh Kamel e que hoje tem investimentos em 40 países, emprega mais de 60 mil pessoas e é a quinta maior empresa da Arábia Saudita.

Já num outro informe interno da consultoria PriceWaterhouse Coopers (PwC) sobre uma suspeita de pagamento de propinas no futebol, o nome de Mohyendin Kamel e da própria ISE também aparecem como os principais responsáveis.

A auditoria indicou que a ISE era suspeita de ter pago, em uma operação de lavagem de dinheiro, US$ 14 milhões a Mohamed Bin Hammam, ex-candidato para a presidência da Fifa e que foi suspenso do futebol por denúncias de que tentou comprar votos das federações nacionais.

Bin Hammam, do Catar, teve o apoio de Ricardo Teixeira na votação para a Fifa e, nos últimos anos, a relação entre os dois ganhou novas dimensões. O Brasil disputou jogos no Catar e Teixeira ainda votou pelo país árabe para sediar a Copa de 2022, numa das decisões mais polêmicas da Fifa e que voltam a ser alvo de suspeitas. Num e-mail vazado para a imprensa, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, criticava o fato de o Catar ter "comprado" a Copa.

No momento da auditoria, Bin Hammam era ainda o presidente da Confederação Asiática de Futebol e foi justamente a avaliação realizada na entidade que revelou as transferências suspeitas entre a ISE e o cartola.

A auditoria preparada pela PriceWaterhouse Coopers (PwC) que constatou que US$ 2 milhões pagos pela ISE em 2008 foram para o uso pessoal de Bin Hammam. Além disso, a empresa Al Baraka Investment – empresa relacionada à ISE – pagou mais US$ 12 milhões para Bin Hammam.

O que gerou a suspeita é de que o dinheiro transferido entre essas empresas e Bin Hammam passou justamente pelas contas da Confederação Asiática. "É altamente incomum que recursos (especialmente no montante detalhado aqui), que aparentemente era de benefício pessoal do Sr. Bin Hammam, fossem depositados a uma conta bancária de uma organização", indicou a auditoria, vista pelo Estado.

"Diante das recentes alegações que cercam Sr. Hammam, é nossa avaliação que há um significativo de que a AFC (Confederação Asiática) tenha sido usada como um veículo para lavar recursos e que esses recursos foram creditados ao ex-presidente para um uso indevido (risco de lavagem de dinheiro", indicou a auditoria. "A AFC pode ter sido usada como veículo para lavar dinheiro e para o pagamento de propinas", alertou.

"Nossas investigações indicam que o sr. Mohyedin Saleh Kamel, o vice-CEO do Grupo Dallah Al-Baraka pode ter sido (de 2005 a 2009) o gerente da ISE.", constatou a PwC, que ainda aponta que Mohyedin Saleh Kamel seria o filho de Kamel, fundador do conglomerado. Na investigação, a consultoria chegou ainda à conclusão de que a emissora ART e a ISE aparentemente compartilhavam a mesma caixa postal na Arábia Saudita.

Estadão

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