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Meu Jogo Inesquecível: Débora Nascimento, a todo-poderosa Timão

Atriz, que vive apaixonante Tessália de Avenida Brasil, dona do coração de Leleco, lembra herói Dida na conquista do Mundial de Clubes contra Vasco

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30/04/2012 às 15h21

Muito antes de a sua personagem Tessália, da novela "Avenida Brasil", se apaixonar pelo "velhinho" Leleco, interpretado por Marcos Caruso, a atriz Débora Nascimento encontrou um herói na vida real. Se o da história de João Emanuel Carneiro passada no bairro fictício de Divino, no Rio de Janeiro, no horário nobre das 21h, salvou a vida da bela moça, o outro a fez vibrar como poucas vezes na simpática Vila Matilde, na Penha, Zona Leste de São Paulo. Com os olhos verdes que por vezes parecem de mel grudados na TV, Tessália… ou melhor, Débora, acompanhava, com o pai e o irmão, o desfecho de uma decisão emocionante.

Era uma sexta-feira. A noite já caía. No Maracanã, Vasco e Corinthians, após 0 a 0 nos 90 minutos e na prorrogação, duelavam nos pênaltis para saber quem seria o campeão mundial de 2000, o primeiro oficial da Fifa. A disputa estava acirrada. Quando Luizão fez 3 a 2 para o Timão, o lateral Gilberto, ex-Seleção Brasileira, partiu para a cobrança. Tensa, Débora viu crescer ali a esperança. Afinal, do outro lado estava seu ídolo, Dida. Antes, na cobrança de Romário, o goleiro por pouco não fez a defesa. O grito da então estudante ficou engasgado.

Com 14 anos na época, a garota, goleira do time feminino de sua escola, o Opec, lá mesmo de Vila Matilde, suava frio. Gilberto partiu. Olhar fixo no lateral, o goleiro deu o pulo do gato para fazer a importante defesa, apesar de não ter sido o último lance da partida. Débora vibrou muito. Mas Marcelinho Carioca, seu outro ídolo, a fez tremer de medo quando desperdiçou a oportunidade de decretar o triunfo. Coube a Edmundo mandar para fora as chances do Vasco e dar início à euforia incontida da família Nascimento. O Corinthians era campeão do mundo.

Na companhia de Valdecir, o pai, e Valdecir, o irmão, a adolescente saiu aos gritos pela rua. Bem antes de chamar a atenção nas passarelas mundo afora e nas telas da TV e do cinema, se sentia, ali, a "todo-poderosa Timão", tal como o grito ecoado pela torcida no Maracanã que se tornou clássico e faz parte até hoje do roteiro dos cantos nas arquibancadas.

– Foi muito emocionante. Uma decisão de Mundial de Clubes. O Dida defendeu o pênalti, e depois o Edmundo mandou a bola para fora. Eu, meu pai e meu irmão fomos para a rua gritar "é campeão, é campeão!". Balançamos a bandeira, eu estava me sentindo voando… Foi uma delícia, momento família supercaloroso. Essa final foi demais. "Meu Deus, campeão mundial!", pensava. Lembro até hoje. A cumplicidade que a gente teve foi enorme com a conquista do Mundial. Isso me marcou muito – disse Débora, no Projac, no intervalo das gravações.

A comemoração só não foi mais intensa porque nem todos em casa ficaram felizes com o resultado favorável ao Corinthians.

– Minha madrasta, a Valdete, é são-paulina, e ficou p. da vida, emburrada. Jantamos em casa mesmo – afirmou, aos risos, na sala de imprensa, com os olhos brilhando só de recordar.

O momento da entrevista que fez Débora, hoje com 26 anos, lembrar mais o jeitinho Tessália foi quando falou de seu encontro com os ídolos da época, Marcelinho Carioca e Dida.

– Eu conheci o Marcelinho num programa aqui na casa, na TV. Parecia uma fã adolescente. "Marcelinho, Marcelinho! Sou sua fã!". E o Dida encontrei neste último réveillon, em Búzios. Aquele homem enorme… Aí falei para o meu marido: "Vou ter que falar com ele." Virei uma menina. "Sou sua fã!", disse para ele. Lembro do Dida defendendo todas, aquele gigante no gol. Ele e Marcelinho Carioca me marcaram muito como torcedora.

Goleira no colégio
E não é que a atriz, antes de abalar as passarelas, se destacava no gol do time feminino de seu colégio, o Opec, na Vila Matilde, onde estudou até a oitava série? – Jogava também handebol e basquete, que eu amo. No handebol fui para o gol. Aí, no futebol feminino fiquei também na posição. Sou comprida, meio Dida… Aí eu pegava todas, era bem razoável. Não sou muito ágil para jogar na linha, mas no gol catava 85%. Eu me jogava mesmo. Era bem moleca. Hoje estou mais comportada. Primeira coisa que minha mãe fez: "Não pode ficar se jogando no chão, vai ficar toda marcada…"

Débora começou a seguir os conselhos da mãe. Deu certo. A troca para as passarelas começou no ano seguinte. Com 15 anos, viajou para o Chile, onde morou por três meses. Depois, mais seis na China, um no México, oito na Tailândia, depois mais três no país. A África do Sul, por três meses, o Canadá, por 20 dias, e os Estados Unidos, por três meses, deram sequência ao sucesso da modelo, que jura: para todos os países, levou na bagagem as bandeiras do Brasil e do Corinthians.

Quando resolveu mudar de profissão, estreou na TV em "Paraiso tropical", de Gilberto Braga, em 2007, quando viveu Elisa. Em "Duas caras", de Aguinaldo Silva, no mesmo ano, o maior sucesso até então surgiu como Andreia Bijou, madrinha de bateria da escola de samba Nascidos da Portelinha que acabou tendo de seguir o destino de ser mãe de santo. No ano seguinte, em 2008, estrelou no cinema "O incrível Hulk", produção americana que tinha Edward Norton no papel do super-herói. Mais um presente na vida da atriz, que lembra de outro, especial, ao explicar o fascínio pelo Corinthians: Valdecir, o pai, delegado da Corregedoria do Detran.

– Sou Timão desde sempre. Só minha mãe, na verdade, é um zero à esquerda com futebol. E o torcer pelo Corinthians foi mais para unir a família. Eu me sentia em conexão com meu pai e meu irmão. Isso aconteceu mais na infância, porque meus pais são separados. Quando eu encontrava meu pai, no domingo, ia ver jogo em casa. Ele sempre foi muito medroso de levar criança pequena para o estádio. Já vivíamos na Vila Matilde, na Penha, Zona Leste. Não tem como não ser corintiano lá. A maioria é ZL na veia, Timão na veia.

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De Marcelinho a Ronaldo
A atriz global lamenta nunca ter ido assistir a um jogo no estádio. Mas já combinou com o colega de elenco e corintiano Aílton Graça fazerem brevemente esse programa.

– Estou louca para ir. Já falei para ele: "Pô, quando você for, me leva." Meu marido é corintiano. Só que antes os meus relacionamentos não foram com corintianos. Isso empacava um pouco na hora de ir para o estádio. Já tive namorado são-paulino doente. E eu, corintiana. Meu primeiro namorado era palmeirense roxo. Na hora do jogo, ele via na casa dele, e eu na minha. Cada um na sua. Tenho amigos palmeirenses, faço graça com eles. Hoje mesmo já fiz umas: "Seis a zero, quer umas aulinhas?"

Casada há três anos com o empresário Artur Rangel, a atriz agora pelo menos assiste às partidas acompanhada e sem problemas. E curtiu muito a fase de Ronaldo Fenômeno.

– Fez gols incríveis. Ninguém acreditava que fizesse mais nada. E virou corintiano. Vestiu a camisa. Para nós, foi muito bonito de se ver. Ele eu ainda não conheci. Também sou fã.

Agora, ela curte a boa fase do time na Libertadores. Mas a goleada de 6 a 0 sobre o Táchira não pôde ser assistida devido ao ritmo intenso de gravações da novela.

Do Globo Esporte

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