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Muricy faz duras críticas à estrutura do Fluminense

Treinador conta que não negocia com nenhum time e revela ainda pedido dos jogadores no vestiário após o anúncio de sua saía do Fluminense

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14/03/2011 às 23h27

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Muricy Ramalho: Para pagar o que ganho aqui, nenhum clube paga. (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)

Mal deixou o comando do Fluminense, após o Fla-Flu deste domingo, e o nome do técnico Muricy Ramalho começou a ser especulado em alguns clubes. O principal deles, o Santos, admitiu interesse, mas provavelmente não conseguirá convencer o treinador a assumir o clube no momento. Nas palavras de Muricy, em entrevista ao jornalista Paulo César Vasconcelos, do Sportv, ele disse que sua decisão em nada tem a ver com o lado financeiro e que pretende descansar. Questionado se houve quebra de contrato, já que tinha compromisso até 2012, afirmou:

– Se eu fosse sair daqui para outro clube, perfeito. Para pagar o que ganho aqui, nenhum clube paga. Eu saí por problemas que defendo. Lá atrás, quando defendi meus princípios mesmo, defendi quem me patrocina, o Fluminense, a torcida, os jogadores. Eu acreditava no sonho e deu certo. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Isso é muito por culpa dos nossos treinadores, somos assim, larga um time e vai para outro. Como não dei entrevista, falaram. Mas antes de falar tem que ver o que está falando, tem todo que ver todo o histórico. Não tenho nada, estou aqui no Rio, estou aqui legal, vou ficar um tempo aqui.

Entre outros assuntos, Muricy falou ainda sobre a relação com elenco e o momento da despedida, minutos após o empate por 0 a 0 com o Flamengo, pela Taça Rio.

– Eu não ia anunciar depois do jogo, ia convocar uma coletiva na terça-feira. Mas vazou, e os jogadores se uniram. Mandaram me chamar, todo mundo muito triste, gente chorando, funcionário chorando. O Conca fez pedido, Sheik, Marquinho, os caras que sempre falam um pouco mais, pediram. Eu me emocionei.

Muricy explicou ainda assuntos como a contratação de Araújo, a saída do vice de futebol Alcides Antunes e sobre o presidente do clube, Peter Siemsen. Confira abaixo os principais trechos abordados na entrevista.

Análise

No final do ano, fomos campeões e teve eleição, mudança no clube, era tudo novo, o pessoal está conhencendo, pegou o clube numa fase financeria complicada. Eu já venho há um ano sofrendo com isso. Sofremos o ano passado demais, ano passado perdemos Fred, Deco, Sheik, ganhamos porque os caras se juntaram e fizeram coisas que ninguém imaginava no futebol. Ganhamos de grandes, times com estrutura nota dez.

Peter Siemsen

O presidente ficou muito de acordo comigo, é um cara muito bem intencionado. De futebol sempre sabemos um pouquinho, e faz diferença ser bem intencionado, e ele é. Com certeza vai tentar melhorar as Laranjeiras, depois do alerta que fiz. Mas eu não posso esperar. Não posso chegar todo dia, encontrar daquele jeito e trabalhar, sem estar contente. Eu ganho muito bem, não posso aceitar conviver com isso.

Decisão complicada

Você começa a ficar amigo das pessoas. Dos funcionários, dirigentes. Aí pensei: vou ter que deixar esses caras, é dificil. Foi difícil falar com Celso Barros, era um projeto dele me ter como treinador aqui.

Por que logo depois do clássico?

Eu não ia anunciar depois do jogo, ia convocar uma coletiva na terça-feira. Mas vazou, e os jogadores se uniram. Mandaram me chamar, todo mundo muito triste, gente chorando, funcionário chorando. Conca fez pedido, Sheik, Marquinho, os caras que sempre falam um pouco mais, pediram. Eu me emocionei.

Araújo imposto? Saída do Alcides?

Eu concentro muito minhas coisas no time de futebol. O jardineiro cuida do jardim, o Celso Barros, do patrocínio. O Araújo, além de ser grande jogador, tem um grande caráter. Eu concordei com a contratação, os caras me consultam sempre. Celso Barros conversa comigo. Eu estava precisando de um jogador de lado. Não teve nada a ver. Alcides, também nada a ver, queria que ficasse, é meu amigo, mas não posso ficar sem aceitar porque não sou dono do clube. Eu não trago turma para trabalhar. Os caras gostam de mim porque sou simples com as coisas.

Desabafo após derrota no México (criticou a assessoria de imprensa na época)

O Fluminense era muito fechadinho, acho que ganhou também por isso. Naquela época se discutia dentro do vestiário e ninguém sabia. Agora está vazando tudo, todo mundo sabe o que um conversa com outro. Não estou dizendo que é culpa de um ou de outro, mas isto é fato. Isto ajuda a desestabilizar um time, o jogador não se sente seguro, não quer falar, e isso não e legal. Eu disse que a gente precisava agir, porque daquele jeito não daria certo.

Mau desempenho na Libertadores

Caímos num grupo muito difícil, mas a gente não jogou bem na Libertadores. Esse ano a gente só jogou bem agora, contra o Flamengo, foi um time mais organizado. Estão voltando os caras agora (que estavam machucados). No Carioca ganhamos muitos jogos, perdemos um só (para o Botafogo), mas não jogamos bem.

Machucado por dentro

Esse tipo de decisão é muito difícil, eu estou muito machucado, cansado, estressado, preciso parar. Vi gente chorando, não foi mole. Foi difícil e isso machuca.

Agradecimento

Queria agradecer a todos e pedir desculpas porque não pude fazer melhor. Poderia fazer melhor, tenho certeza, mas do jeito que estava lá não dava.

Técnico diz que não trocou o Fluminense por outro: 

Diretor do Flu anuncia que Muricy Ramalho não é mais técnico do time: 

Pela Taça Rio, o primeiro Fla-Flu do ano terminou sem gols. Depois do jogo, Muricy Ramalho pediu demissão do tricolor carioca.

Com GLOBO ESPORTE

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